quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Artesanato luandino

Primeiras aquisições, made in feira do Benfica. Uma girafinha, um trabalhador angolano e dois pensadores (esses negrinhos do cabeçalho do blog).

Esqueci de dizer, no post anterior, que aqui,obviamente, tem marfim. Baldes deles. Inácio, o motorista que me acompanhou hoje, disse que aqui é permitido o comércio, mas as peças não podem sair do país. Ou seja, peças caras (não cheguei a perguntar o preço, mas tiro pela média) que ficam encalhadas no comércio local. Papai disse que acha que o problema não é as peças saírem de Angola, mas entrarem no Brasil.

Só pra lembrar que a atividade - matança de elefantes para extração das presas - é crime.

Na feira também tinha pele de onça, esticadona, tomando sol e ainda com cheiro forte de podre. Perdão, mas depois do "susto" com os vendedores, esqueci de tirar fotos. Mas virão.


MAIS IMAGENS DE HOJE (clica...)

Girafa, talhada em madeira maciça, sem nenhuma emenda. Aqui tem de todos os tamanhos

Trabalhador, com enxada da mão e saia de miçangas

Selo com número de série e autorização de saída da peça do país. Proteção ao patrimônio cultural angolano

Não lembro o nome da pedra, mas é daqui. Tô mal de repórter...

Kwanza na mão é furacão

Acordei cedinho hoje com o objetivo de sair para tirar fotos que prestassem e comprar algo que, de fato, lembrasse a África. Agora, lembre-se que, aqui, todo dia é dia de uma lição diferente e a de hoje é: muito cuidado em feiras de artesanatos. E, não, não estou falando de assaltos propriamente ditos.

Painho me deu dinheiro hoje para ir à feira no bairro do Benfica (é, aqui também tem) e recrutou um motorista da empresa, Inácio, para me acompanhar na tarefa. Lembre-se que eu não posso dirigir aqui, o que me é um castigo. Ah, detalhe que aqui eles quase não usam cartão de crédito. Isso significa dizer que dependo dos kwanzas paternos para tudo. Outro castigo pra alguém metida a independente como eu.

Mochila nas costas, lá vamos nós pegar o engarrafamento até chegar no Benfica. Aliás, passamos mais tempo no carro que na feira. Fiquei com medo do assédio dos vendedores. Eles falam português, mas rápido demais, eu fiquei sem entender nada, e para os ouvidos acostumados com valores em Reais é confuso entender preços em Kwanzas. Imagine Kz 4 mil por uma girafa talhada em madeira, Kz 200 por pensadores angolanos, também de madeira maciça. Além disso, tem que pagar os selos do Ministério do Turismo daqui, ou as peças não podem sair do País. Mais Kz 100. Sem forçar muito a cabeça com cálculos, voltei pra encontrar meu pai na empresa:

- E aí? - perguntou-me
- Fui depenada! - respondi, ainda indignada.

Eu sou bobona, mas imagine o que é uma gringa (falando português brasileiro e amarela como sou, não tem nem como disfarçar) sem ter como reagir a um monte de vendedor angolano. Mas, tô viva e comprei um colar lindão de pedras locais (me custou Kz 3,5 mil = US$ 35).

Quando tô pela rua, fico tentando fotografar uma mulher carregando criança amarrada nas costas. É a coisa mais linda. Consegui fazer uma foto hoje, mas ainda não ficou como eu queria.

Tava conversando com Inácio e ele me disse que o povo aqui gosta de cachorros, mas não de gatos, porque são "usados em feitiçaria". Eu disse que no Brasil, a galera prefere usar galinhas nessas mandingas. Inácio disse também que Gabriel, O Pensador é bem popular aqui e fez show sábado passado - a gente estava ouvindo uma coletânea de músicas brasileiras no carro do meu pai. Gabriel estava no meio.

As semelhanças entre Brasil e Angola estão me surpreendendo mais que as diferenças. A vegetação é quase a mesma, o clima também bem semelhante. Fora as mazelas, né?

Assunto pro próximo capítulo.


IMAGENS DO DIA (clica pra ver maiorzinha)

"O Senhor é meu pastor..." Sl 23

Trânsito, sim... dos grandes

Eu não disse? Fé tipo exportação

Embondeiros por todos os cantos. Belos!

Engarrafamento? Aqui também tem!

Luanda, uma cidade em obras

Quadros e cores, na feira do Benfica

Minha primeira modelo. Tradição de levar os filhos amarrados às  costas

Os kwanzas sobreviventes